sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

viagens das expedições marítimas do navegador Diogo Cão “ um problema ainda em aberto”



Diogo Caão  e o levantamento de um padrão na costa de África. Painel inspirado em Aguarela do mestre Roque Gameiro 

A história dos descobrimentos marítimos portugueses está recheada de incongruências, muito fértil neste tipo de situações,   distorcem com regularidade a realidade dos factos ocorridos.
As viagens das expedições marítimas do navegador Diogo Caão [Cam] não fogem à regra, desde logo não existe  um "roteiro" "Diário de Bordo" dessas viagens, que desapareceu!!!..
Para colmatar esta situação recorre-se ao plausível, .... os padrões implantados pelas guarnições do navegador. em cada viagem de exploração marítima ao longo da faixa litoral da costa ocidental do continente africano, desde os   2º (dois graus) até aos 23º (vinte e três) de latitude Sul. 
A solução do problema das datas em que viagens de exploração marítimas foram realizadas! pode ser observado nas inscrições no padrão de Stº Agostinho. 
Assim no  padrão de Stº Agostinho
O 2º padrão a ser erguido no Cabo de Stª Maria (Angola)13°25'14.2"S 12°31'58.4"E , Sul de Benguela ou a 50 Km a Norte de Lucira Grande, nota-se com clareza o momento (data)) , o ano de 1482,  em que o padrão terá sido feito nas pedreiras  de calcário em Azambuja, Lisboa, antes dessa viagem ter início: 
-não é credível que a inscrição do padrão tivesse sido elaborada no próprio local “ Cabo de Stª Maria”, na altura denominado de “Cabo do Lobo” onde foi colocado pela guarnição. em 28 de Agosto de 1483.
O importante é o desenho do “símbolo da  Bandeira Nacional”. ali representado
Escudetes laterais apontados ao centro e a flor-de-lis própria da dinastia de Avis, iniciada com o rei D. João I em 1383 !
No padrão os escudetes laterais estão virados e apontados ao centro, o qual foi divulgado pela 1ª vez pelo Geógrafo e epigrafista  "Luciano   Cordeiro"  no século XIX, na sua “Monografia”, arquivada na Sociedade de Geografia de Lisboa, nunca  teve os reflexos históricos que se exigia. 

Quanto ao Padrão de S. Jorge o 1º padrão a ser erguido nessa viagem na península extrema, margem esquerda e Sul da foz do rio Zaire, pela guarnição a 26 de Abril de 1483. 
O dia de S. Jorge comemora-se a 23 de Abril. Não se conhece nada sobre as inscrições do padrão de S. Jorge.
O Sr. Edgar Prestage no seu livro “descobrimentos portugueses”, informa que os holandeses um dia do ano de 1642 aportaram ao estuário da foz do rio Zaire. 
Por ali deambularam algum tempo até que se lembraram de fazer alvo de artilharia o azarado padrão original que foi destruído!
Na sua estadia que durou oito anos, os holandeses ainda fizeram algumas benfeitorias. 
Construíram pavilhões de campanha, servindo de armazéns e mercadorias confiscadas, tráfego de escravos. Em 1975 eram bem visíveis alguns desses pavilhões. A antiga administração civil de Sazaire ainda funcionava num destes pavilhões feitos pelos holandeses..
Mais tarde, um dia do ano de 1855,uma armada da Inglaterra, entrando gloriosamente na foz do rio Zaire destruíram a tiros de canhão a 1ª réplica do padrão de S. Jorge., implantada em 1648, quando estabelecida a soberania Portuguesa em Angola por Salvador Correia de Sá e Benevides.
Henrique Galvão no seu livro “Outras Terras outras Gentes” diz que aqueles os “ingleses” que se esqueceram de aparecer 400 anos antes para descobrir qualquer coisa, entraram airosamente ou gloriosamente no estuário do rio Zaire fazendo tiros de artilharia ao alvo da réplica do Padrão! Os habitantes locais, ciosamente guardaram os restos do padrão, dizendo que os bocados eram um poderoso “feitiço”. Mas estes não eram civilizados....

Conclui-se que a partir de meados desse ano de 1482 teve início uma viagem de exploração marítima ao longo da costa ocidental de África, além da latitude ou paralelo 2º Sul,( Cabo de Stª Catarina), Gabão, última etapa reconhecida por Rui Sequeira em 1475, no reinado de D. Afonso V, comandada pelo navegador Diogo Caão [Cam] a mando do D. João II, que levava a bordo dois padrões de pedra calcária, semelhantes.
Esta viagem teve início no ano de 1482, já com o Castelo de S. Jorge da Mina, no Gana praticamente concluído para dar apoio logístico a futuras explorações marítimas, traficar ouro, pedras preciosas e escravos.

A meados de 1482 do mês de Junho, S. Jorge da Mina, no Gana estaria já em fase de conclusão.
Foi a partir desta data, que a frota da guarnição do navegador, reunia as condições de iniciar a aventura de cruzar o Equador e fazer-se ao desconhecido para além do Cabo de Stª Catarina!
De acordo com o célebre Duarte Pacheco Pereira , o método da navegação bordejando a costa, se era vantajoso por permitir um meticuloso conhecimento da costa, não era isento de graves dificuldades, estavam a navegar contra correntes e ventos contrários, ainda aconselhava, “sabendo pouco a pouco o que nella hia, a asy suas Rootas e conhecenças, e cada província de que gente era, pela verdadeiramente saberem ho luguar em que estauam, por onde podiam seer certos da terra que hiam buscar” [Esmeraldo de situ orbis].
Esta viagem teve o seu término em Lisboa, finais de Março ou princípios de Abril de 1484 e porque assim foi....

Uma vez chegada a Lisboa [da viagem de exploração marítima] , D. João II, reconhecendo os serviços prestados, “.....  Diogo Caão [Cam], assi tanto nas partes da Guiné como em outros lugares nos tem mui bem servido, em especial em esta ida onde o enviamos a descobrir terra nova nas ditas partes da Guiné, de onde ora veio...”, Carta régia de 4.04.1484, concedeu-lhe uma tença anual de 10.000 reais brancos.

Seis dias depois 14.IV.1484, foi-lhe passado carta de enobrecimento, em que se atende não só os seus serviços, mas também aos de seu avô, Gonçalo Cão, no tempo de D. João I, nas lutas contra Castela, e aos de seu pai, Álvaro Fernandes Cão no reinado de D. Afonso V.

Conclusão: Esta viagem de exploração marítima tendo início a partir de meados do Ano de 1482, teve o seu término em princípios do ano de 1484

nas inscrições das cataratas de Yellala em Novembro de 1485 nota-se modificação do escudo, todos os escudetes virados para baixo
padrão do Cabo Negro, o 3º padrão a ser  erguido pela guarnição no cabo Negro, Angola a 16 de Janeiro de 1486, na segunda expedição marítima, à latitude 15 º 40' Sul e longitude 11 º 55' Este. Encontra-se em estado avançado de deterioração, não é possível apurar a data da sua  inscrição. Nota-se que o Escudo da Bandeira tem uns traços semelhantes ao do padrão do Cabo da Cruz ou da Serra, conhecido na versão inglesa por Cape Cross , Namíbia, antigo Sudoeste Africano.
padrão de cabo da Cruz ou da Serra, o 4º padrão a ser erguido pela guarnição nesta expedição marítima Fevereiro ou Março de 1486 em "Cape Cross", Sudoeste Africano, Namíbia,  à latitude 21º 46' Sul e longitude 13º 57' Este.  
Neste padrão nota-se boa visibilidade do escudo da Bandeira Nacional. Os escudetes todos virados para baixo e a  flor-de-lis  suprimida e redução do número dos castelos.

Existem duas inscrições uma em português e outra em Latim. A inscrição em Latim  refere a data de 1485, sendo  imperceptível o último algarismo da data  na inscrição em Português, 148__. O único padrão que mantêm a cruz original de pedra calcária.
As modificações foram introduzidas no escudo da Bandeira Nacional pelo rei D. João II, depois de Março de 1485.

"Como o livro da chancelaria relativo ao ano de 1485 se encontra perdido, existem elementos de arquivo na Câmara Municipal do Porto, vereações vol.5º  págs 83-84) que permitem asseverar que o rei D. João II  não estava em Beja antes de Março de 1485, data em que decretou a modificação do Escudo" .
Com efeito, os cronistas Garcia de Resende (Crónica de D.João II. cap. 55 e 56 e João de Barros, crónica de D.João II cap, 18 e 19, afirmam ter sido em Beja, em 1485, que o monarca decretou as modificações do escudo nacional.
"Supressão da flor-de-lis (Cruz de Avis), redução do número de castelos a sete, modificação da posição dos escudetes laterais, que deixaram de ser apontados ao centro, para o serem para baixo."    e redução do número de castelos
A construção dos padrões feitos de pedra calcária e suas inscrições foram concluídos  antes das expedições de exploração marítimas terem início! Assim, a data 1485 dos 3º e 4º padrões corresponde a outra viagem.
Neste contexto uma viagem iniciada em 1482 e outra iniciada em 1485 correspondem a duas viagens.

Quanto ao assunto das viagens do navegador ser “ um problema ainda em aberto” segundo “Carmen Radulet”, apraz registar que a  historiadora apresenta dúvidas, de quantas viagens de exploração marítima foram efectuadas para Sul do Equador ao longo da costa ocidental pelas, guarnições de Diogo Cão !...

Terão sido várias, ... quantas necessárias, ninguém sabe, na possibilidade delas terem existido nunca foram além da  baía de Molembo ou baía de Cabinda, “ angra das Almadias” ! 

Não existe qualquer memória descritiva ou mítica de terem chegado à foz do rio Zaire  muito menos a Sul da futura Angola, antes de Abril de 1483!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

"Califórnia, S. Francisco, Cabrilho, Sermenho e Sesimbra (Portugal)"


Em actualização...
João Rodrigues Cabrilho, protagonizou uma aventura marítima ao serviço de Espanha.

Na época, foram diversos os factores que para tal contribuíram, desde a astúcia e as antipatias reais à circunstância de  se nascer e viver os verdes anos muito próximo do território espanhol, onde se formavam e recrutavam grupos de jovens dispostos a enfrentar a vastidão dos mares, para procurar a vida nova nas novas terras recém descobertas. 
Assim aconteceu com o português nascido na aldeia transmontana de Lapela, da freguesia de Cabril do concelho de Montalegre, Portugal.
Companheiro de Cortez na conquista do México e vindo a ser também um dos fundadores de Santiago de Guatemala, exerceu, entretanto, diversas missões de comando.
Em 1542 coube-lhe explorar o litoral setentrional da chamada Nova Espanha.
Em 27 de Junho de 1542 saiu do porto de Natividad (Acapulco) actual porto mexicano de Manzanillo, a armada composta pelos navios “São Salvador” e “Vitória”, capitaneada por João Rodrigues. O objectivo era encontrar o lendário estreito de Anian que ligava o Pacífico ao Atlântico. 
A 3 de Setembro avistam a ponta Sul da península da Califórnia. No dia 28 de Setembro a armada chegou à actual baía de S. Diego a que deu o nome de S. Miguel. Explorada a região, prossegue e atinge a latitude dos 40º Norte, junto ao cabo Mendocino. Em Outubro chegaram a Santa Bárbara e foram estabelecidos contactos com os índios Chumash e recebidos amigavelmente.  Foi reconhecida a actual ilha de Santa Catalina e passaram, sem entrar, na abertura da baía de São Francisco, tendo continuado a navegar para Norte, até ao rio Russo. Aqui a armada foi obrigada a regressar devido ao rigor do Inverno. Navegaram para Sul e invernaram na ilha da Possessão. No dia 3 de Janeiro de 1543 “faleceu desta presente vida João Rodrigues Cabrilho, capitão dos ditos navios, de uma queda dada na mesma ilha quando da estadia anterior nela, de que resultou partir um braço junto ao ombro”. A ilha foi baptizada com o nome de João Rodrigues pelo piloto-mor Bartolomeu Ferrelo, que lhe sucedeu no comando da armada. Este insistiu, após a morte de João Rodrigues, que não deixassem de descobrir em toda aquela costa o que lhes fosse possível. A armada chegaria a Natividad, depois de muito explorar e já sem mantimentos, no dia 14 de Abril de 1543.
Estava descoberta a Califórnia!. Tomou posse das novas terras, em nome do rei de Espanha.
Um destino amargo como a de Fernão de Magalhães, embora em circunstâncias diferentes.    


 Monumento a João Rodrigues Cabrilho em San Diego, Califórnia - USA,  que ali chegou a 28 de Setembro de 1542.
A estátua foi construída em 1935, em pedra de arenito, para Exposição Internacional Golden Bridge. Depois da exposição andou por armazéns em Oakland e San Diego, até que em 1949 foi colocada no monumento. Tendo sofrido alguns danos, a estátua original foi substituída por esta ,em calcário, em 1988
S. Diego – Califórnia, placa em bronze  monumento a Cabrilho.
O nome Califórnia é de origem portuguesa, e corresponde a uma praia em Sesimbra e uma ribeira em Palmela, antiquíssimas povoações da Ordem de Santiago de Espada de Portugal, à qual pertenciam no reinado de D. João II e D. Manuel I, à elite dos navegadores portugueses.

monumento dedicado a João Rodrigues Cabrilho, localizado na Ilha de S. Miguel, Los Angeles, Califórnia . Diego – Califórnia
Ainda ligado a Sesimbra, e também ao serviço de Espanha, destacou-se: 
baía de S. Diego, Califórnia
Sebastião Rodrigues Sermenho. Piloto-mor nos Mares da China e das Índias Ocidentais e Orientais. 
A 21 de Março de 1594 partiu de Acapulco com a incumbência de descobrir um posto adequado para o abastecimento dos navios provenientes de Manila, nas Filipinas. 
S. Diego - Califórnia.
monumento a Cabrilho e a baía de S. Diego.
Nesta expedição ancorou numa baía a que deu o nome de S. Francisco
Foi o primeiro navegador, depois de Cabrilho, a efectuar o primeiro roteiro preciso da costa Ocidental dos E.U.A. No seu testamento, feito na cidade do México (1602), deixou metade dos seus bens à Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra.
Esta história não termina aqui. 
Durante 40 anos a Califórnia foi governada por um capitão português - Esteban Rodriguez Lorenzo (1665-1744), natural do Algarve - , que através de constantes expedições explorou este território e dirigiu entre 1701 e 1744, a instalação de missões dos jesuítas e assegurou a sua defesa. 
Sucedeu-lhe no cargo, entre 1744 e 1750, o seu filho Bernando Rodriguez Larrea.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

 Navio-escola Sagres de portas abertas para comemorar 75.º aniversário

O Navio escola Sagres vai estar aberto a visitas no cais do Jardim do Tabaco, em Lisboa, entre 31 de Outubro e 01 de Novembro, para assinalar o 75.º aniversário do seu lançamento à água, informou a Marinha.

Imagem: LUSA/André Kosters
O veleiro comemora os 75 anos do seu lançamento à água a 30 de Outubro, terça-feira, data também assinalada com a publicação do livro “Sagres – Construindo a Lenda”, da autoria do comandante Manuel Gonçalves. 
Três mastros tão imponentes e as suas velas ostentam a Cruz de Cristo. Além de se dedicar à formação prática de marinheiros e futuros oficiais, já representou a marinha portuguesa em vários países do mundo, funcionando como uma verdadeira embaixada itinerante do nosso País.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

" Nova Zelândia"


 
 
Mapa da Nova Zelândia

A versão corrente afirma que a Nova Zelândia terá sido descoberta pelo navegador português João Fernandes ao serviço dos reis de Espanha. 
Os historiadores locais tem vindo a sustentar outra versão, afirmando que a descoberta foi feita também por portugueses, mas em meados do século XVI. 
Afirmam que só em 1817, a Grã -Bretanha só se interessou pela Nova Zelândia. 
Nos mapas ingleses da época existe uma anotação datada de 1817, na qual se afirma que embora a Nova Zelândia tenha sido descoberta tenha sido atribuída a Abel Tasman em 1642, a sua costa já era conhecida dos portugueses desde 1550. 
No Museu de Wellington (Nova Zelândia) existe um sino de bronze, descoberto pelo Bispo William Colenso em 1836 que estava na posse dos Maoris (aborígenes locais) que declararam tê-lo há muitas gerações. 
No sino existe uma inscrição em Tamil (língua indiana, o idioma da Goa, possessão portuguesa).
Idênticos sinos foram descobertos em Java datados do início do século XVI. 
Recorde-se que os barcos portugueses da época levavam consigo goeses e outros indianos, os ‘Lascari’ como ajudantes da tripulação. 
Na Nova Zelândia tem sido encontrados restos de naus quinhentistas e utensílios característicos dos portugueses.
No século XVIII os portugueses estabelecem-se nesta ilhas formando uma pequena comunidade de baleeiros.




terça-feira, 11 de setembro de 2012

"pioneiros Portugueses e a Pedra de Dighton"


(em construção......
Nenhum outro monumento da América do Norte mereceu a atenção de tantos estudiosos como a Pedra de Dighton.
Estado de Rhode Islands USA, onde se encontra  a Pedra de Dighton, a Torre de Newport e o Forte de Ninigret.

Vários investigadores, intrigados com as suas inscrições, afirmaram "acreditar que elas nunca viessem a ser interpretadas".
Houve quatro períodos de estudo na Pedra de Dighton:
1. Período Puritano ( séc. XVII )
2. Período Fenício (séc. XVIII)
3. Período Viking (séc. XIX)
4. Período Português (séc. XX)
Em 1918 descobriu-se que o navegador português Miguel Corte Real e a sua tripulação gravaram as primeiras inscrições na pedra de Dighton(1502-1511). Assim, mais de um século antes dos primeiros Peregrinos ingleses desembarcarem (1620), Miguel Corte Real e os seus homens foram os primeiros europeus a colonizar o território que hoje constitui os Estados Unidos da América.

Pedra de Dighton com as inscrições decalcadas a giz
Bandeira nº 1 escudo em forma de U
Bandeira nº 2 - cruz da ordem de Cristo
Bandeira nº 3 - escudo em forma de V
Ao centro - o nome da capitão, Miguel Corte Real
 Data de 1511, com o algarismo 5 em forma de s
Os Americanos ainda não deram conta de que quase dois terços do mundo foram descobertos pelos navegadores portugueses. Sem conhecerem os limites dos oceanos, os marinheiros portugueses nunca perderam a coragem para enfrentarem os mares desconhecidos, quando qualquer tentativa para os descobrir significava, quase sempre, a morte.
Estátua de Gaspar Corte Real, próxima do Capitólio, em São João da Terra Nova. Oferta do governo português.
No início das descobertas, a população de Portugal era de um milhão e meio.
Cento e cinquenta anos depois - quando já eram conhecidos todos os recantos do mundo -  em vez de três milhões que seria de esperar, o número de habitantes era inferior a um milhão.
Na história das explorações humanas, a Pedra de Dighton pode considerara-se um marco fundamental na nossa determinação para fixar e explorar os mistérios das áreas inexploradas para além do espaço.
Os Pioneiros Portugueses na Califórnia
As duas costas dos Estados Unidos foram descobertas e colonizadas pelos portugueses. Toda a costa da Califórnia foi descoberta pelos navegadores portugueses e deles recebeu nomes.

João Rodrigues Cabrilho, em 28 de Setembro de 1542, desembarcou em San Diego e declarou, em português, que " tomava posse desta terra, destas águas e deste porto".
Cruz, em honra do navegador português João Rodrigues Cabrilho, na Ilha de San Miguel da costa da Califórnia
O coração da Califórnia, a Baía de São Francisco, recebeu o nome do português Sebastião Rodrigues Sermenho.
Setenta e oito anos da chegada dos Peregrinos (1620) à pedra de Plymouth - Massachusetts, os Peregrinos Portugueses já se encontravam na Califórnia.
Reconhecidos a esses navegadores portugueses, os habitantes do Golden State levantaram em San Diego o Cabrilho National Monumente em honra do descobridor da Califórnia.
Estátua de Cabrilho, como monumento nacional, em San Diego Califórnia. Oferta do governo português.
A costa Atlântica, desde o Labrador, passando pela Terra Nova, Cabo dos Bacalhaus - Cape Cod  - , em toda a sua extensão até à ponta da Flórida, foi descoberta pelos navegadores portugueses muitos anos antes dos navegadores das outras nações se aventurarem a explorá-la.
A península da Flórida surge nos mapas portugueses antes de Ponce de León ali arribar em 1513 em busca da Fonte da Juvência.
No século XV os portugueses já tinham avistado o Cabo Kennedy, local de todas as arrancadas para a Lua. 
De modo semelhante, durante o século dos Portugueses, Lisboa tornou-se o Cabo Kennedy das descobertas.
Os navegadores portugueses deixaram na Pedra de Dighton uma mensagem de descoberta e exploração para o povo americano.
Construíram uma charola com oito arcos ,  Torre de Newport, semelhante à charola também com oito arcos em Tomar, Portugal,  que servia como igreja e de torre vigia.
Torre Newport, Rhode Island, USA
Construíram um forte português Ninigret, Charlestown, Rhode Island, USA, em frente à pequena baía de Ninigret,
Vista do Forte de Ninigret, Charlestown, Rhode Island, USA
Em 1922 descobriu-se perto do Forte de Ninigret, um canhão de culatra aberta, uma espada e quatro esqueletos. Posteriormente, foi encontrado um pedaço de um prato feito de louça azul, com a letra "R", escrita em azul.

As viagens através dos mares marcam o início duma nova era na história da humanidade. Com as explorações do espaço exterior os americanos retomaram o ponto em que os portugueses deixaram as suas descobertas.
(extraído do livro " Os pioneiros portugueses e a Pedra de Dighton - Dr. Manuel Luciano da Silva)


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

"descoberto pelos Portugueses até prova em contrário"

( em actualização......)

Artigo da autoria do Dr. Manuel Luciano da Silva, foi editado em Setembro de 1974 no seu livro " Os pioneiros Portugueses e a Pedra de Dighton". Refere-se à "Era dos Descobrimentos Marítimos Portugueses":
Muitos historiadores têm por vezes empregado erradamente o verbo "descobrir", considerando a descoberta uma rua de sentido único, que não é: 
Descoberta: implica movimento nos dois sentidos.
Se o navio parte da Europa com o fim determinado de descobrir terras desconhecidas e nunca mais regressa, nada foi descoberto.
Na hipótese de alcançar as novas terras e a sua tripulação viver ali a salvo mas não ter possibilidades de regressar à Europa para dar parte do seu achado, na realidade não houve nenhum descobrimento.
Correntes marítimas do Atlântico
Tivemos sempre a possibilidade de observar a Lua e os outros planetas, até há pouco tempo, mas não havia meio de os descobrir por não possuirmos os meios de lá mandar um astronauta para os explorar e regressar à Terra para informar.
Por exemplo: há provas arqueológicas dos Fenícios, Romanos ou Vikings terem um dia vivido nas Américas. Não há contudo, provas do seu regresso.
Consequentemente, não podemos considerar que tenha havido descoberta.
Descobrir - isto é, partir e voltar para contar - representa uma força de civilização que pela primeira vez se empreendeu cientificamente com a Escola Náutica do Infante D. Henrique.
Ninguém deveria aventurar-se a falar de descobrimentos náuticos sem antes estudar a fundo as correntes marítimas e o registo dos ventos do Atlântico
Como se sabe, a Corrente das Canárias tem a sua origem no promontório de Sagres onde o Infante D. Henrique instalara a sua Escola, e segue ao longo da costa africana, continua ao Norte do Arquipélago de Cabo Verde, transforma-se na Corrente Equatorial do Norte ou dos Ventos Alíseos, atravessa o Atlântico paralelamente ao Equador e desaparece no Mar das Caraíbas.
O coração do Atlântico Norte tem nome português: Mar dos Sargaços
Depois, a Corrente do Golfo, semelhante a um rio enorme, corre para a Europa, e na altura dos Açores divide-se em Corrente do Atlântico Norte e Corrente das Canárias.
Durante milhares de anos não se alterou esta dança do Atlântico. Todas estas correntes estabeleceram limites à volta da vasta área de sargaço, um mar sem costas, que constitui o coração do Atlântico, ao qual os portugueses chamaram Mar do Sargaço, nome por que é internacionalmente conhecido.
A corrente do Golfo mandada traçar por Benjamim Franklin, em 1769 
Benjamim Franklin foi quem, pela primeira vez, depois dos Portugueses, reconheceu a importância das correntes atlânticas na navegação. Na qualidade de Correio-mor delegado das Colónias, Franklin interessou-se pelas correntes que poderiam contribuir para aumentar a velocidade dos veleiros do correio destinado à Europa.
Para este fim, mandou levantar a primeira carta da corrente do Golfo em 1769.
Todavia, foi o Príncipe Alberto do Mónaco (1885-1887) quem fez os primeiros estudos oceanográficos das correntes e dos ventos do Atlântico. Mandando lançar em diversos pontos do Atlântico Norte garrafas e barris de diferentes tamanhos, demonstrou que todos esses objectos davam a volta ao Mar do Sargaço e todos eles eram impelidos na direcção do Continente Americano pelos ventos alísios ou pela Corrente Equatorial do Norte.
Demonstrou também que nenhum desses objectos atravessou o Equador em direcção ao Atlântico Sul. As conclusões do Príncipe Alberto de Mónaco foram confirmadas pelo Instituto Oceanográfico de Words Hole, de Massachusett.
Corrente do Golfo sempre levou, do Novo Mundo, objectos estranhos até às costas dos Açores e de Portugal. Substâncias vegetais, troncos de pinheiro (não havia pinheiro nos Açores) e canoas serviam para mostrar aos navegadores a existência de terras desconhecidas lá para o Ocidente.

AS VOLTAS DA NAVEGAÇÃO

Um método fundamental para navegar à vela é fazê-lo dando uma volta ou um grande círculo.
Durante o primeiro período (1416-1434), os navegadores portugueses tinham receio de aventurar-se para o mar alto, até que em 1434 dobraram o Cabo Bojador na costa ocidental de África. Partir de Lisboa em direcção à costa africana era relativamente fácil porque seguiam a Corrente das Canárias e os ventos.
Para regressarem a Portugal, viam-se obrigados a dar uma volta a considerável distância da costa. Em cada viagem, navegavam cada vez mais para ocidente no Atlântico aproveitando os ventos dominantes nas Canárias, agora à sua direita (primeira parte da volta), indo depois apanhar a Corrente do Golfo em direcção a Portugal Continental (segunda metade da volta).
Com esta técnica os navegadores continuavam a executar uma série de voltas cada vez mais largas fixando as actuais rotas marítimas convencionais.

1 - Volta da Mina ( actual Gana )
2 - Volta dos Açores
3 - Volta do Mar do Sargaço
 
Em 1537, Pedro Nunes, navegador e matemático português, deu à publicidade os primeiros pormenores àcerca das voltas da navegação ou rotas em círculo amplo.
A descoberta do Mar do Sargaço e das ilhas mais ocidentais dos Açores fez-se no regresso de viagens à África.
Os navegadores portugueses em breve descobriram ser muito mais fácil navegar no alto mar do que ao longo das costas onde as correntes marítimas e os ventos não tinham regime fixo.
A Madeira, os Açores, as Canárias e Cabo Verde tornaram-se estações interplanetárias, pontos de partida para a descoberta dos continentes desconhecidos.
Os conhecimentos adquiridos pelos Portugueses durante as primeiras viagens através do Atlântico Norte deu-lhes a chave com que, de descoberta em descoberta, com método e perseverança, puderam também abrir as portas do Atlântico Sul.
Foi o mestre caraveleiro Bartolomeu Dias quem dobrou a Cabo da Boa Esperança em 1487 por ter verificado ser-lhe impossível navegar contra a Corrente da Guiné, em vez do que resolveu seguir a rota de Sudoeste (Corrente do Brasil, num grande arco, à procura de vento mais favorável.
A sua viagem veio a constituir no Atlântico Sul a imagem invertida da Rota do Sargaço no Atlântico Norte.
Navegar em arco já resolvera muitos problemas no Atlântico Norte no tempo do Infante D. Henrique. No regresso, Bartolomeu Dias seguiu a Corrente de Benguela, paralela à costa ocidental africana, seguindo em direcção ao Equador, continuando pela Rota Convencional Sargaço - Açores até Lisboa.
A sua grande façanha foi ter sido ele o primeiro a completar a gigantesca rota marítima em forma de oito abrangendo os dois   Atlânticos.
Ainda hoje, muitos estudiosos que nada sabem da ciência náutica, ficam espantados ao saber que Vasco da Gama, na sua primeira viagem à Índia, seguiu a corrente do Brasil, corrente que constituiu o arco de Sudoeste da rota marítima em forma de oito que levou ao Oceano Índico.

Os navegadores Corte Reais eram familiares com a técnica de navegar em arco muito antes de Bartolomeu Dias ou Vasco da Gama, desde 1472, quando João Corte Real voltou da descoberta da Terra Nova, pela qual ele recebeu, em prémio, o governo de metade da Ilha Terceira, empregando a família Corte Real todas as suas energias na busca da passagem de noroeste para a Índia.
Assim, a partir da Ilha Terceira, os navegadores portugueses chegaram à América do Norte fazendo um arco a Noroeste, que cortava a Corrente do Golfo. Na viagem de regresso entravam no corpo central da Corrente do Golfo que os levava directamente aos Açores.
Quanto mais se conhece as forças oceânicas - correntes marítimas e ventos - que um dia impeliram as caravelas através do Atlântico  - mais convencidos se fica de que a descoberta da rota marítima para a América - do Norte e do Sul - foi feita à força pelos navegadores portugueses e portanto a mais fácil de todas as descobertas.
Convém acentuar que, enquanto a Europa se encontrava "entretida" ou envolvida em guerras políticas e religiosas - Portugal, durante mais de 70 anos (1415-1492) fazia sozinho a descoberta do Atlântico. Quando as outras nações da Europa tomaram consciência da importância dos feitos dos Portugueses, tentaram entrar em competição na corrida dos descobrimento, mas nunca puderam ultrapassar a experiência nem apagar a vantagem que os marinheiros portugueses tinham adquirido durante os seus muitos anos de exploração marítima.
Quando os Portugueses dobraram o Cabo da Boa Esperança em 1487, tinham já obtido tal aperfeiçoamento na arte de navegar no mar alto, que nenhuma outra nação pode alcançar o seu alto nível de ciência de navegar.

 
Arco de navegação da Terra Nova das rotas dos Corte Reais
Não só Portugal tinha pilotos para as suas próprias necessidades como também para os ceder a outrem. Para poderem levar a cabo as suas empresas marítimas, outras nações viram-se obrigadas a recrutar pessoal entre os experimentados me0stres portugueses ( Estêvão Gomes, Fernão de Magalhães e João Cabrilho, por exemplo),
Basta dizer que cinco dos navios espanhóis da armada de Magalhães eram pilotados por navegadores portugueses.
A navegação contra o vento, ou em ziguezague, faz-se muito melhor com a vela latina
Quando se pensa que quase dois terços do Mundo foram descobertos pelos Portugueses, tem-se  o dever de começar o estudo de qualquer descoberta controversa com a seguinte advertência; " Foi descoberto pelos Portugueses até se provar o contrário ".


Fonte:

Lusitanian Express
Cabo das Tormentas 1488
luis.d.lopes

Desde o século XIV que os marinheiros portugueses navegavam ao longo da costa africana até ao arquipélago das Canárias, já então sobejamente conhecido. Quanto mais para Sul se navegava mais complicada era a viagem de regresso pois quer os ventos quer as correntes eram contra 
É fácil deduzir que o descobrimento da Madeira (1418) e dos Açores (1425) está directamente relacionado com o regresso das expedições portuguesas das viagens de exploração do Norte de África, nomeadamente as que se dirigiam às Canárias. Com o passar dos anos foi naturalmente aumentando o conhecimento sobre os ventos e as correntes e percebeu-se que o regresso a Portugal seria muito mais fácil através de uma volta de mar (que mais tarde iria dar origem à Volta da Mina) que levasse as embarcações para Oeste até à longitude dos Açores, navegando então para Norte até alcançar a latitude deste arquipélago e daí navegando para levante até se atingir a costa de Portugal.
Em 1434 Gil Eanes dobra o Cabo Bojador e as voltas de mar cada vez se fazem mais ao largo, conforme mais se navegava para Sul, chegando esta volta eventualmente a atingir os 40º Oeste de longitude.
É interessante notar que em 1452 as ilhas das Flores e do Corvo são descobertas, o que nos permite concluir que por essa altura os processos de navegação associados à volta pelo largo já estavam sobejamente amadurecidos. Convém também referir que o povoamento dos Açores (Santa Maria) só se iniciou em 1439 apesar de ter sido descoberto doze anos antes, mostrando claramente a dificuldade em navegar de forma rotineira para este arquipélago. A solução passava seguramente por viagens iniciadas com rotas para o Sul, eventualmente até com escala na Madeira
Tendo em consideração a passagem do Cabo Bojador em 1434 e o início do povoamento dos Açores em 1439, podemos então com muito segurança estabelecer que a meio do século XV as viagens pelo largo, de regresso a Portugal, já eram uma prática normal na época.
O esforço inicial português na exploração da costa africana teve participação apreciável dos genoveses, especialmente no que respeita às expedições às Canárias.

As agulhas de marear utilizadas nas nossas embarcações seriam seguramente genovesas, com ferros ferrados fora da flor-de-lis por um ângulo provavelmente igual a meia quarta visto a declinação em Génova ser cerca de seis graus Leste.

Na viagem de regresso a Portugal, a volta pelo largo que os portugueses introduziram, nomeadamente quando se atingia o limite em termos de longitude, as proas dos navios várias vezes seriam na direcção de Norte. Nas singraduras em que as proas fossem exactamente Norte (360º), um piloto mais atento, através de simples observação visual, teria notado que o Norte da agulha (ou a flor-de-lis) não coincidia com a estrela Polar (mesmo não tendo em conta o seu regimento). De facto, nas proas para Norte, a declinação magnética seria nula ou mesmo de Oeste pelo que a diferença entre a proa (360º) e o Norte geográfico poderia ser quase igual a uma quarta.
Vejamos um quadro muito resumido, de comparações de rumos de agulha com rumos verdadeiros, de uma hipotética viagem da Lisboa às Canárias com regresso a Lisboa por volta pelo largo, utilizando uma agulha genovesa com um factor de correcção igual a 6º.
A flor-de-lis e os ferros fariam um ângulo entre si igual a seis graus, que é o valor estimado da declinação em Génova para a época (séc. XV), 
 Agulha Genovesa com compensação para seis graus leste (séc. XV)
Em Lisboa, após instalada a agulha a bordo, utilizando a mesma como referência, podia ser observado o seguinte: 

Agulha Genovesa com compensação para seis graus leste (séc. XV), em Lisboa
Tendo como referência a flor-de-lis poderíamos observar que a Polar (norte geográfico) culminava ligeiramente à direita, e a ponta norte da agulha apontava ainda mais para a direita (devido ao factor de correcção incorporado em Génova, seis graus).
Agulha Genovesa com compensação para seis graus leste (séc. XV), em Lisboa
Nas proas a norte, quando a declinação era nula ou mesmo de Oeste (dependia da longitude atingida na volta pelo largo), o rumo verdadeiro afastava-se da agulha cerca de 8 graus, cerca de ¾ de quarta. Estando a Polar a uma altura situada no intervalo [20º, 40º], de acordo com a latitude, seria muito fácil observar visualmente que a Polar se encontrava por estibordo quase uma quarta. 
(ângulos exagerados para facilidade de leitura)

 Agulha Genovesa com compensação para seis graus leste (séc. XV), a 40º Oeste de Longitude, latitude dos Açores, navegando para Norte, declinação 2º Oeste
Mesmo considerando que fosse ignorado pelos pilotos que a Polar não estava exactamente situada no norte geográfico, o ângulo de afastamento da Polar (do Norte Geográfico) face à proa navegada seria sempre possível de ser observado. É evidente que este processo de avaliação visual seria mais correcto, quanto às conclusões alcançadas, se fosse conhecido o momento da passagem meridiana da Polar, isto porque em termos práticos a Polar descrevia um círculo no céu, em torno do Norte Geográfico, com um raio aproximadamente igual a 3.5 graus. Como já foi dito, esse facto só foi considerado nos cálculos náuticos com o aparecimento dos regimentos da Polar. São conhecidos diversos Regimentos do século XVI, mas não se conhece qualquer referência ao assunto em textos anteriores ao mesmo século. Apesar deste facto, podemos afirmar que a utilização de regimentos da Polar é seguramente muito anterior ao século XVI.
Claro que através da passagem meridiana do Sol seria também possível obter uma ideia muito concreta sobre a variação da agulha mas a utilização do Sol na navegação astronómica só deverá ter começado no último quartel do século XV, portanto uns trinta ou quarenta anos depois do início da utilização das voltas pelo largo. A vantagem de observar a Polar quando a embarcação navegava para norte (ou para sul) residia no facto de ser um processo muito simples, expedito, visual, sem recurso a cálculos ou conhecimento mais apurado.
A constatação que a Polar não estava alinhada com a proa (direcção) da embarcação quando esta supostamente navegava para norte, numa primeira instância teria sido efectuada de forma inadvertida, mas certamente que se terá transformado num processo corrente através de sucessivas e continuadas observações. Mais tarde, com a introdução dos regimentos da Polar, os pilotos passariam a ter um processo mais rigoroso que lhes iria permitir, através de continuadas observações da Polar, concluir pela existência de um afastamento angular entre as agulhas e o Norte geográfico, variável de acordo com o local de observação.

Parece-nos correcto afirmar que seguramente vários pilotos terão observado este fenómeno, que era mais evidente quanto mais para oeste fosse efectuada a volta pelo largo.


Em conclusão, diremos que o fenómeno da existência da declinação magnética poderá ter sido observado pelos pilotos portugueses de forma evidente e consistente a partir de 1440 com a introdução da volta pelo largo, isto cerca de 50 anos antes de Colon [Colombo], a quem usualmente é atribuído o primeiro testemunho sobre o fenómeno (o noroestear e nordestear das agulhas).