quinta-feira, 7 de abril de 2011

" A determinação Domingo de Páscoa, porque não tem um dia certo?"

a data da Páscoa "

Segundo as regras do Concílio de Niceia (325 d. C.) e pela tradição, a festa pascal deve ser celebrada no Domingo seguinte ao primeiro plenilúnio da Primavera ou Outono, ou seja, a Páscoa será no Domingo a seguir à fase da Lua Cheia depois do começo da Primavera, para o hemisfério Norte e do começo do Outono para o hemisfério Sul.
O cálculo rigoroso da data pascal é difícil, pois exige conhecimento exactíssimo do complicado movimento da Lua.
Na época cristã antiga eram utilizados diversos processos para a determinação daquela data:Estes (sobretudo após a cisão que fez aparecer as Igrejas do Ocidente e do Oriente) conduziram a consideráveis divergências.
Hoje calcula-se a data da Páscoa com base em teoria simplificada da Lua, na qual se consideram as irregularidades mais importantes do movimento lunar (----órbita da Lua): só em excepcionais casos os resultados se afastam dos do cálculo rigoroso.
Damos em seguida, sem reproduzir a complicada demonstração, a regra simples apresentada por C.F. Gauss (1777-1855). Para o cálculo da data da Páscoa no calendário gregoriano (a partir de 1583).Seja A o ano do intervalo, e m e n números que variam ao longo do tempo a seguinte

tabela:

A =[ 1583 - 1699]; m=22; n=2
=[ 1700 - 1799]; m=23; n=3
= [1800 - 1899]; m=23; n=4
= [1900 - 2099]; m=24; n=5
= [2100 - 2199]; m=24; n=6

Se se indica o resto das divisões de A por 19, por a, de A por 4, por b, de A por 7, por c, de (19a+m) por 30, por d, e de (2b+4c+6d+n) por 7, por e, a Páscoa será o dia (22+d+e) de Março, ou o dia (d+e-9) de Abril.

Para os casos limites existem ainda as seguintes regras adicionais:

1. O dia 26 de Abril deve ser sempre substituído por 19 de Abril;
2. O dia 25 de Abril deve ser substituído por 18 de Abril se d = 28, e = 6 e a superior a 10. No século XX estas regras adicionais são usadas somente duas vezes: a primeira regra em 1981 e a segunda em 1954.


PÁSCOA EM…LUA CHEIA



Crónica publicada no Diário de Coimbra.
Porque é que a Lua está sempre em fase cheia na semana Pascal?
Desde os primórdios da cristandade que a data da Páscoa, dia em que se celebra a ressurreição de Cristo, é fundamental para a estruturação de todo o calendário litúrgico cristão.
A determinação inequívoca do dia da Páscoa para que esta seja celebrada no mesmo dia do calendário por toda a cristandade, independentemente da sua localização geográfica, constituiu um problema que só foi normalizado no primeiro concílio de Nicéia em 325 d.C.
Nesse concílio, convocado pelo imperador romano Constantino, foi determinado que o dia da Páscoa fosse celebrado no primeiro Domingo depois da primeira Lua Cheia que ocorra em ou logo a seguir ao equinócio da primavera, no hemisfério norte (21 de Março).
Mas a determinação do equinócio, através do calendário então seguido, não garantia uma “coincidência” entre a previsão e a realidade, por imperfeição contida no mesmo. O calendário Juliano (assim designado em honra a Júlio César) em vigor ao tempo do primeiro concílio de Nicéia continha em si uma imprecisão de cerca de 11 minutos e 14 segundos em excesso em cada ano.

Por volta de 1582, a inexactidão do calendário Juliano teve como resultado que o equinócio da primavera ocorreu no dia 11 em vez de 21 de Março como se esperaria. Este desfasamento, introduzia erros no calendário religioso cristão e, na prática, o dia de Páscoa era celebrado em dias diferentes em diversos pontos do hemisfério. Era preciso fazer alguma coisa para reacertar o calendário oficial.
O Papa Gregório XIII (1502 - 1585) criou uma comissão liderada pelo jesuíta matemático e astrónomo Christoph Clavius (1537-1612) para resolver o problema. É de referir que este Papa terá convidado primeiramente o matemático português Pedro Nunes (1502 - 1578) para solucionar o problema, mas este morreria antes de acabar essa tarefa.
Na sua bula Inter Gravissimas, o Papa Gregório XIII consagra o trabalho matemático einstitucionaliza o calendário que ainda hoje seguimos no ocidente e que tem o seu nome (calendário gregoriano). Resulta de um muitosatisfatório conjunto de regras de acertos regulares nos anos ditos bissextos, o que assegura um compromisso aceitável na predição dos movimentos relativos de translação da Terra ao redor do Sol e da Lua em redor da Terra.
Acrescente-se, contudo, que a determinação do dia de Lua Cheia, para a determinação do domingo pascal, não faz uso das tabelas astronómicas, mas sim do definido nas Tabelas Eclesiásticas que, apesar de não incluírem com rigor o movimento complexo da órbita da Lua, são suficientes para permitir uma regular e uniforme determinação de um mesmo momento por toda a cristandade, independentemente da sua latitude e longitude.

António Piedade

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